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Mercado vai pagar para ver como Petrobras vai se comportar quando preço do petróleo voltar a subir
Enquanto a Petrobras hoje é uma empresa de atacado, as importadoras também são empresas distribuidoras que também controlam redes varejistas.
17/05/2023 - Fonte: COLUNA JC NEGÓCIOS
Ficou bem claro para o Congresso, o mercado e para os investidores que a decisão da Petrobras em anunciar mudança na estratégia comercial para definição de preços de diesel e gasolina da empresa foi um gesto do Governo no sentido de produzir um fato positivo para a gestão do presidente Lula frente as suas dificuldades para aprovação de seus projetos.
Existe nesta terça-feira (16) uma condição conjuntural em relação ao preço do petróleo que ajuda bastante com uma queda segundo as cotações da OPEP de US$ 13,31, por barril, em 30 dias. Até porque, ao seguir a política de Preços de Paridade Internacional (PPI), a Petrobras estava vendendo gasolina e óleo diesel mais caro que o mercado internacional, segundo a Associação das Empresas Importadoras de Combustíveis. Portanto, este era o momento ideal para o gesto essencialmente político. Ponto para Lula que pode comemorar o pagamento de mais uma fatura da campanha.
Mas a questão que se coloca é: Quando diz que vai ser mais eficiente e competitiva, atuando com mais flexibilidade para disputar mercados com seus concorrentes, como a Petrobras vai se comportar quando os preços subirem? E como poderá suprir a ausência dos importadores se eles - sem terem margens para suas vendas no mercado interno – deixarem de importar combustível?
O problema da nova lógica é que ela se fundamenta no fato de que, por questões de competitividade, possa vender seus produtos a partir dos custos de seu parque de refino, sem levar em conta que ele não supre o mercado integralmente. Assim, se baixa o preço no mercado interno e a concorrência privada sai, ela terá que importar tudo que o mercado consome pagando o preço internacional. Ou seja: nesse momento a Petrobras terá que adotar o velho PPI.
Há outra peculiaridade. Enquanto a Petrobras hoje é uma empresa de atacado, as importadoras também são empresas distribuidoras que também controlam redes varejistas. Se o preço internacional é bom, ela importa. Se não, ela compra da Petrobras e distribui, inclusive, para suas redes varejistas. Ou seja: Se a Petrobras vender seus produtos com prejuízo, as distribuidoras ganham do mesmo jeito porque compram dela e repassam os preços baixos aos seus clientes mantendo suas margens.
O risco do que a Petrobras chama de “custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação e valor marginal para a empresa” se transforme num problema para ela própria no momento em que os preços internacionais voltarem a subir é o que preocupa os analistas que vêem nessa estratégia uma competitividade ruim para o mercado por afastar os importadores.
Se a Petrobras refinasse todo o petróleo que o Brasil consome, poderia bancar o prejuízo se comparado ao mercado externo uma vez que não precisaria importar petróleo para suas refinarias e também combustíveis. Mas isso não é verdade e o mercado brasileiro compra de fora 30% do que consume e para isso paga em dólar e pela cotação do preço do barril.
Essa possibilidade é o que faz o mercado e analistas entenderem que, nesse momento, o fator político poderá se sobrepuser e se abrir um espaço que justifique manter o preço inalterado ou até reduzir o preço em um momento que as cotações internacionais sobem o que quer dizer prejuízo para a empresa.
Mas nesta terça-feira(16) foi dia de festa para o governo e eles fizeram uma grande comemoração. Todo mundo no setor sabe que a queda dos preços na bomba aconteceria de qualquer maneira porque a cotação internacional do petróleo caiu drasticamente em 30 dias e, certamente, não foi reflexo da mudança na nova política de preço. Na pratica, a Petrobras gastou poupança conjuntural e Lula pôde dizer que "abrasileirou" a política de preços da empresa e ainda baixou os preços na ponta.
Abrasileirar
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates definiu o significado da expressão “abrasileirar” criada pelo presidente Lula para mudar a política de preço da estatal: significa levar nossas vantagens em conta sem tirar o Brasil do contexto internacional. Preservar o resultado econômico alto e não descer a rentabilidade. Faremos o melhor preço dentro de nossas possibilidades, usando para esse efeito a auto-suficiência conquistada em anos e anos.